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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Me roubaram, mas...

... não levaram nada de mim.

Sábado passado fui roubada na praia. Aquela surpresa que disparou o coração e estremeceu as mãos. O esforço pra raciocinar rapidamente, manter a calma, estancar o medo. Proteger quem gosto, desconfiar de quem não conheço. Perder. Permitir. Esbravejar. Procurar. Questionar. Esperar. Silenciar. Agradecer.

Ainda no dia, uma hora depois, não me permiti parar muito tempo no questionamento. Isso, infelizmente, as vezes ainda me leva a estar ofendida. Silenciei e agradeci.  Mas em casa,  deixei de lado os discursos e confessei a Ele ter me assustado.

Horas atrás, estava perdida nessa imaginação danadinha. As mãos dEle em cada traço infinito daquele mar... Contei meu pensamento mais gritante ao por o pé na água, a mão na cintura e os olhos no horizonte "A eternidade deve ser qualquer coisa assim". Não sei nem se as meninas compreenderam. Mas não era só a paisagem. Era um mix do que eu sentia e do que era, que refletia tão bem qualquer coisa majestosa. Era bonito, seguro, livre, festivo, gerado, finalmente proveitoso.

Daí passou. Uma tristeza bateu ao lembrar que enquanto eu me encantava com os gracejos, me observavam zombando da minha segurança. Quem são eles, pensei, que ousaram rir do meu guardador como se o seguro já fosse vencido? Como se o alarme não disparasse avisando o ladrão...

Luma Elpidio cantava no meu fone quarta pela manhã " Meu coração se cala por não compreender. Eu entrego tudo pra não te perder, pois nada vale o mundo se eu não te conhecer (...) Pois tu és tudo que eu preciso, meu socorro meu auxilio (...) Não se compara a ti nada a minha volta "
E só assim eu entendi, pela primeira vez literalmente, o que é desvalorizar o perecível (1Co 15:50). O que é ter socorro (Salmos 46). O que é ajuntar tesouros que a traça não corrói e assim, permanecer de coração intacto.

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.  Mateus 6:19-21

-  Você viu o que fizeram, Pai! Por que Você... Pq não os afugentou? Eu tive medo!
-  Eu sei. Eu sei tanto. Eu sei, inclusive, quem são eles.
-  Ih. É.
-  Só cuidado pra que não te roubem também a eternidade quando tocarem no que é daqui. O que é daqui pode sempre ser levado. O que é nosso não deve se misturar.
-  Valeu...
-  Tmj.

Eloise Oliveira

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