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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Filhos.

Ela tinha um coração derretido pelo Pai. Logo quando ela O conheceu, ela tinha um interessezinho de saber mais. Mas depois,foi pega de jeito e tudo era novidade! Era uma mudança de mente total ! Tudo o que ela tinha aprendido, agora tinha vida, não era só letra.
E aquele louvor surrado que ouvira tantas vezes, agora entendia. E cantava. E chorava. E amava o seu criador.

Ingenua, no primeiro acampamento que foi, ficou dias longe de tudo que a afastasse do Senhor. 4 dias só na bíblia, oração, louvor, comunhão ( gincana e piscina ) ... Mas achou mais de Deus ali. Chegou a conclusão de que havia alcançado o tão falado primeiro amor. Voltou pra casa, abriu a bíblia só no domingo seguinte. Não... ainda não tinha chegado lá. Não tinha a tal sede, não entendia muito bem a busca pela palavra! Então buscava do jeito dela, mas buscava porque sabia que ia encontrar. "Senhor , eu sei que devia gostar de ler a bíblia. Mas ainda acho chato...mas olha, eu quero mudar". E o Senhor valoriza sinceridade... E como! Logo se viu na necessidade de contar o plano de Deus pros amigos, e quando se deparava com algo que não sabia explicar, ela se debruçava na palavra por horas e horas. E assim vieram os dons, que ela mal pôde acreditar.
E aí vieram os olhares. E ela começou a subir os degraus. Aos poucos, cargos foram sendo dados. "Você tem chamado pra liderança, sabia?" Pronto. Sonhos mínimos que aquele coração tinha começaram a almejar coisas maiores à medida que crescia. Começou lembrando dos aniversariantes do grupo de adolescentes,  depois foi a responsável pelo grupinho de recepção nos cultos, logo mais ajudava os líderes na organização dos congressos  e assim, algumas vezes ela foi convidada a ministrar. Óbvio que a medida que os anos passavam, suas perspectivas em Deus mudavam. E o que Deus a revelava também! O Senhor estruturou planos pra ela, e logo eles ocuparam muito, muito espaço.
Casou, tinha uma família, pastoreava uma igreja junto com o marido, e estar a frente do ministério gerava um desgaste. Sabedoria, ela tinha. Poderia pregar pra você de Gênesis ao Apocalipse ressaltando inclusive detalhes teológicos interessantíssimos. Mas não tinha mais caderninho de devocional, não tinha mais o amor furioso por Ele, não conseguia passar horas no quarto chorando com um louvor, não sabia se havia mais, nada mais parecia novidade... mas AH! Ela tinha um ministério.
Era uma cristã madura, numa quarta - feira, em que por acaso ela acordou numa maca sendo transferida de hospital. Na noite anterior voltando da igreja que ela e o marido estiveram ministrando, ele bateu o carro e ela permaneceu desacordada até então. Sabe-se lá o que foi que houve naquela coluna e naquela perna esquerda engessada. Mas o parecer dos médicos foi de 3 meses em recuperação. Isso porque ela passara por só uma cirurgia de emergência...mal sabia das 5 que viriam do decorrer desses meses e de todos os processos de recuperação. "MEU MINISTÉRIO!" Coisa louca, foi isso que ela gritou. E chorava pensando no ministério, batia com o punho fechado, quase sem força, na maca. Os seus ouvidos ecoaram as palavras dos médicos "3 meses". Quem assumiria o culto de terça-feira? E as reuniões, ministrações em outros lugares, os encontros com seus discipulos........ E Deus? Sim , Deus... O culpado!
É claaaaaaaaaro que sem exitar jogou pro alto  "Deus, como você pode permitir" ?  E descobriu que Ele calou. Ah o silêncio diz mais que muita coisa.
Qual era mesmo o desejo de Deus? Foi levada a lembrança do inicio.
"Porque aqueles que já tinham sido escolhidos por Deus ele também separou a fim de se tornarem parecidos com o seu Filho Romanos 8:29"
Saudades da identidade de filha e não portadora de um ministério. Saudades da simplicidade, das primeiras descobertas. Antes da sede, a busca pela sede! Saudade de não ter a oferecer e mesmo assim ser escolhida. Saudade de ser dependente da graça. 3 meses sem ministério... e quanto tempo sem Deus?

Qual a sua Identidade? Aquilo que Deus te DEU pra administrar ou aquilo que Ele te FEZ ser? Ele pode dar tanta coisa... e te tomar também. Mas a identidade sempre vai ser de filho(a).
Podemos ter a profissão que for, mas pra nossos pais sempre seremos filhos. Seria uma falta de respeito tremenda uma filha pedagoga fazer com que os pais a chamem na intimidade de sua casa, de professora. Ou um médico, fazer que a família o chame todo o tempo de Doutor. Da mesma forma, é um absurdo fazer com que Deus nos veja/trate baseado no que Ele nos confiou. Ainda somos filhos! Filhos recebem amor e mimos, mas também correção, e puxões de orelha e vindo do Senhor, recebemos APERFEIÇOAMENTO porque temos com Ele INTIMIDADE e não apenas um NEGÓCIO.
 Um tempo pra concerto, um desertinho básico, e a gente grita "Owww, tá louco? Meu ministério! Minha igreja! Meus amigos!" Ou então, somos tomados pelas obras maiores e esquecemos da simplicidade que é viver pra Cristo.
A simplicidade da busca! A humildade, o amor, a gentileza refletem Jesus. Nenhum ministério ou grande sonho pode dizer muita coisa se não formos simples como Ele.
Ah venha nos tratar, Deus!!!!  Leva-nos ao contentamento de sermos filhos e nada mais, pra assim conhecermos sua graça. Mas mesmo afogados nela, que o teu espírito nos lembre do simples. AMÉMMMMM.
Eloise.

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